segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Um outro olhar

Jornalismo alternativo representa nova opção de informação
  
Nem só de títulos nacionalmente conhecidos, como "O Globo", "Veja", "Estadão" e "Folha de S. Paulo", vive o jornalismo no Brasil. Em meio a esses grandes jornais, outros veículos produzem notícias com um olhar diferenciado e abordando assuntos, por vezes, ignorados. É o caso do "Brasil de Fato". Por isso, o editor do jornal, Marcelo Netto Rodrigues, e a sua colega da "Radioagência NP", Vivian de Oliveira Neves Fernandes, estiveram no auditório de uma faculdade particular, com o intuito de apresentar a estudantes e futuros jornalistas diplomados o trabalho do "jornalismo alternativo".

Logo no início da palestra, ocorrida na última segunda-feira do mês de Setembro, Vivian Fernandes procurou explicar o quanto este estilo jornalístico foge da lógica de mercado, para zelar pelo engajamento social e político. Segundo ela, o jornalismo alternativo "se coloca como uma contra hegemonia". Para complementar a informação e demonstrar as particularidades do trabalho que realiza, Marcelo Rodrigues compartilhou suas experiências de início de carreira, quando percebeu uma censura de termos na redação de um jornal bastante conhecido. Palavras como "ocupação" deveriam ser substituídas por "invasão" em matérias sobre movimentos organizados pela conquista de moradia. "O que existia era coordenado por interesses políticos e econômicos", revelou, antes de dizer também que "o jornalismo não é neutro".

Vivian (na extrema direita) e Marcelo (ao seu lado) acopanhados de professores
Mas como se pautar, essencialmente, pela luta social em um país onde a população afirma não gostar de política? Diante dessa questão, a jornalista da "Radioagência NP" explicou: "Uma de nossas estratégias é essa: 'ressignificar' a política". Para Vivian, normalmente, esse assunto é visto como uma editoria de jornal. Ao passo que no grupo "Brasil de Fato" eles procuram trazer a política para as diferentes temáticas do veículo e, por consequência, para o cotidiano das pessoas.

"Ainda falta muito para o jornal ser reconhecido no país", assumiu Rodrigues. O "Brasil de Fato", nasceu no ano seguinte a posse do primeiro mandato de Lula na presidência, conforme conta o editor. Seu objetivo era servir como porta-voz ao presidente, durante uma possível intensificação do debate social. Porém, a expectativa não se confirmou como desejado. Atualmente, o jornal sobrevive, principalmente, do investimento dos assinantes e do auxílio de movimentos populares. Às vezes, aparecem ofertas de propaganda do governo federal.

Em diversos momentos, o editor Marcelo Rodrigues expôs a importância do quesito moral em seu trabalho, apesar das dificuldades. Ele chegou a acompanhar de perto, acampado, a rotina do MST (Movimento dos Sem-Terra). Sobre a época na "imprensa empresarial", ele afirmou: "Para você trabalhar em um veículo desses, se você não for um deles, você vai ficar estagnado". Ao ser perguntado sobre o jornalismo feito pela revista "Carta Capital", conhecida entre as publicações e dona de uma postura menos conservadora, o editor do "Brasil de Fato" foi cauteloso. "Teria que haver uma alternativa para contrapor a 'Veja'", disse, embora identificasse certas posições discordantes do interesse social, na revista de Mino Carta.

Durante o encontro, Vivian Fernandes e Marcelo Rodrigues deixaram claro que, no jornalismo alternativo não é preciso linguagem panfletária, basta mostrar o outro lado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...