A fonte

Voz dos entrevistados garante qualidade à notícia

Sem eles não haveria histórias; elas seriam apenas contos de fadas ou de bruxas. Sem eles, a notícia não teria condições de traduzir a visão de quem está envolvido com o caso, nem compreender o calor da questão. Os personagens têm extrema importância no trabalho dos jornalistas. Entre suas várias funções, está a responsabilidade de garantir a credibilidade e a atenção do público.

Mas antes de alcançar o interesse dos leitores, ouvintes ou espectadores, o profissional da informação precisa voltar seus olhos justamente para este público, com o objetivo de descobrir alguém que ateste o fato e compartilhe suas experiências. E na era da superexposição nas redes sociais e do apelo à imagem, encontrar aquela pessoa habilitada e disposta a depor, despropositadamente, ainda pode não ser tão fácil. Uma possível timidez diante dessa forma de exposição, a confiabilidade no uso de suas palavras, além da condição da abordagem por parte do repórter explicariam essa situação?

Independente disso, não é por acaso que eles são chamados de "fontes". As coisas começam a acontecer a partir deles, de seus comportamentos, suas ações e reações. Diante de qualquer falta de divulgação dos acontecimentos ou devido entendimento dos fatos pela maioria, fica a cargo do jornalista reunir as palavras de usuários (que representam o comportamento), autoridades (que representam as manifestações das leis) e especialistas (responsáveis pela análise do comportamento e da eficiência das leis).

Mesmo assim, com a identificação de todas as partes, em muitos momentos é sentida a falta de um dos lados. Até porque nem todos os usuários se comportam de maneira semelhante e nem todos os especialistas conseguem justificar ou identificar tantas reações. Lacunas possíveis de serem preenchidas pela iniciativa do comunicador em incentivar a discussão. Porém, fica um pouco mais difícil acreditar se não houver quem possa falar.

A qualidade da relação entre o jornalista e as fontes fica preservada através do gesto de colaboração de ambas as partes. Ao expor o seu ponto de vista, o entrevistado conquista um lugar de destaque. Conquista o reconhecimento para a sua conduta e a de seus iguais, tornando-a legítima. Já o jornalista tem consigo o desafio de não sobrepor interesses externos a um depoimento real. Esta ou aquela fala traduz um dos diversos retratos da realidade. Sua ausência ou violação da essência podem alterar o resultado do trabalho.

No mercado da informação, tamanha isonomia pode até parecer ilusão. No entanto, ainda pode ser conquistada. Só em último caso, o silêncio se torna uma possibilidade, que deixa de ser aconselhável frente à oportunidade de se buscar uma resposta.