Críticas à parte

Comentar o trabalho alheio tem seu fundamento

No dia 17 de Julho, o autor de novelas da Globo, Aguinaldo Silva afirmou em seu Twitter que "uma coisa está provada: a opinião das críticas não faz o 'Ibope' subir ou descer nem um traço". Apesar de direcionar sua mensagem aos profissionais que mais lhe tocam - os críticos de TV - a frase de Silva traduz bem a visão existente sobre comunicadores que se dedicam a analisar o trabalho de outros comunicadores.

Maurício Stycer, que mantêm um blog com críticas de TV, responde novelista.

O foco principal dos produtores de conteúdo é garantir a atenção de quem procura entretenimento, além do consequente investimento publicitário. Por isso, não faria o menor sentido dar ouvidos aos comentários daqueles que criticam a eficiência e qualidade dos meios utilizados para alcançar esses fins. Então, qual a razão de ser um emissor de opinião ou estudar os fênomenos da comunicação?

Com certeza, mexer nos índices de audiência não é a resposta para essa pergunta, como deixou claro o jornalista, Maurício Stycer, ao responder o post do novelista, com um retweet dizendo "Ainda bem". Existe até uma ajudinha nesse sentido. O fato é que a ação de emitir uma mensagem gera um reação no público, nos mais variados níveis. E entender essas reações pode contribuir para sua melhor absorção.

Após crítica aos críticos, diretor da Globo pediu desculpas por generalizar.

O princípio de colaborar para a compreensão das informações transmitidas está nas universidades (leia-se cursos de comunicação) e deve ser, também, um dos objetivos de comunicadores que publicam seu ponto de vista. No entanto, este objetivo está sujeito à necessidade de preservar consumidores dessas informações, utilizando, em alguns casos, elementos reprovados por quem é alvo das críticas.

Esse, inclusive, deve ter sido o motivo que levou o diretor do programa TV Xuxa, da Globo, Mario Meirelles a comparar: "critico de televisão e papa defunto estão no mesmo nível. Por que na semana passada, quando TV Xuxa deu 12 de média ninguém noticiou?". A afirmação de Meirelles referia-se a veiculação de notícias sobre a baixa audiência do programa que dirige.

Em último caso, há quem aprecie o trabalho dos críticos especializados em vários assuntos, um público que precisa ser atendido. E a emissão de opinião é um direito inviolável que terá sua importância e reconhecimento garantidos pelos mesmos critérios aplicados aos comunicadores dos veículos tradicionais.