sábado, 24 de dezembro de 2011

Silêncio

Quando se cala, o jornalismo

A sonegação de informação beirando o crime. Mas nunca tivemos tanta oportunidade, como hoje, de quebrar esse silêncio

Ficamos acostumados a acompanhar exemplos de opressão política em alguns países, ao redor do mundo, para dizer que o Brasil vive uma democracia. Mas vira a página para confirmar! Existem folhas em branco no decorrer do nosso contexto nacional. Se não bastasse o silêncio imposto à imprensa em uma passagem perturbadora da nossa história, hoje é parte da própria mídia que faz uso desse artifício escuso.

As primeiras notícias do Escândalo Serra vieram de uma Carta
Repentinamente, muitas redações do país, especializadas em pautar escândalos políticos semelhantes aos que derrubaram sete ministros no primeiro ano do governo Dilma Rousseff, não reagiram à descoberta de um esquema de corrupção, iniciado ainda no governo FHC, responsável por beneficiar o principal nome da oposição, José Serra. O mais difícil é acreditar na existência de alguma explicação aceitável para essa postura.

Amparadas na tradicional imparcialidade jornalística, os veículos responsáveis pelas manchetes de maior repercussão nacional nunca vacilaram na hora de denunciar, até o momento em que as acusações caminharam para outro lado. Essa inversão de cenário desafiou a imprensa ao qual estávamos habituados a ver, ouvir e ler em um momento crucial, onde as novas tecnologias viabilizaram uma nova forma de produzir, receber e disseminar informação. E eles recuaram. Ficaram inertes, como se nada tivesse acontecido. Uma inércia suspeita e parcial.

Porém, eles não contavam com o poder da internet. A visibilidade para o caso não foi à mesma de outrora, apesar de ter provocado conseqüências significativas. O livro “A Privataria Tucana” responsável por revelar, com detalhes, os crimes de corrupção entorno do “psdbista” esgotou rapidamente nas livrarias. Uma prova clara da existência de audiência interessada em ter maiores detalhes sobre o ocorrido. E, ainda assim, eles recuaram. Recusaram-se a suprir a carência de informação do público que lhes garante, cotidianamente, a visibilidade e credibilidade ostentada.

Essa sonegação de informação, por outro lado, serviu para algo: mostrar o quanto a sociedade precisa se acostumar com o poder de manifestação que as redes sociais disponibilizam. Não se trata apenas de postar, publicar, curtir, compartilhar ou coisas do tipo. Trata-se de entender que, hoje, a informação poder vir da TV, do rádio, da revista ou direto da lua, e que ela deve ser apreciada em todas as suas formas, o que significa correr até onde podemos encontrá-la. Afinal de contas, não podemos voltar a ficar refém de mais um silêncio.

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