domingo, 23 de setembro de 2012

Diário virtual

Internauta dá exemplo desafiador de trato com a realidade

Entre 'memes' com mensagens de auto-ajuda, piadas repetidas à exaustão e postagens com os desabafos mais desinteressantes do cotidiano, um ou outro perfil se destaca nas redes sociais pela criatividade e ousadia. E não estamos falando de nenhum perfil indelicado. Um exemplo raro e bruto de manifestação crítica virou notícia nas últimas semanas, lançando um desafiou através do ato de divulgar a realidade, nua e crua.

O diário de Isadora (reprodução) repercutiu rápido.
Do alto de seus 14 anos, a jovem catarinense, Isadora Faber, mostrou que é possível chamar atenção para questões sociais no universo da internet. Após criar uma simples Fanpage no Facebook, batizada de "Diário de Classe", a estudante passou a tornar pública os problemas da escola onde estuda.

Das condições estruturais do colégio à qualidade da merenda, passando pela conduta de reprovação dos professores e alguns colegas, tudo era relatado pela menina. Em 24 de agosto, por exemplo, ela escreveu "Hoje a professora de português Queila, preparou uma aula pra me 'humilhar' na frente dos meus colegas, a aula falava sobre política e internet, ela falava que ninguém podia falar da vida dos professores, porque nós podíamos ter feito muitas coisas erradas pra eles odiarem e etc. Eu e acho que a maioria dos meus colegas entenderam o recado 'pra mim'". Desde 11 de julho, Isadora conseguiu somar mais de 300 mil seguidores.

Isadora publicou a intimação no Facebook. Mas por que ela foi intimada?
Obviamente, a conduta unanime da garota causou repercussão em vários jornais e levou as autoridades responsáveis de seu estado à tomarem medidas importantes. Por outro lado, a professora de português mencionada na postagem da garota registrou queixa na polícia. Como escreveu Isadora Faber "Hoje (18 de setembro) eu e meu pai fomos na delegacia porque minha professora de português fez um BO de calunia e difamação".

De um modo geral, muitos veículos de informação foram rasos na abordagem sobre o caso que contrasta com a mioria das mensagens comuns nas redes sociais. Nas poucas manchetes no qual se viu um acompanhamento além da data de intimação de Isadora para comparecer à polícia, o outro lado, o da reclamante, ficou sem voz, tanto por especialistas quanto pela própria professora.

Há de se pensar, baseado nesta e outras manifestações de usuários da internet, sobre o quanto eles são críticos e não enxergam limites para expôr a verdade, que, talvez precise de licença para ser dita. Por outro lado, os veículos tradicionais ainda demonstram insegurança, falta de habilidade e falta de interesse em aceitar os desafios de um espaço novo e sem barreiras visíveis.

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